Na verdade essa receita é uma viagem no tempo para mim, porque consigo visualizar os meus ancestrais nela, mas vejam também como essa comida é fina, requintada e de difícil preparo, ideal para ostentar no domingo.
1º ingrediente: farinha de mandioca: os índios nos ensinaram a comer os derivados da mandioca, quem nunca comeu beiju? E como minha tataravó materna foi uma índia que romântica e delicadamente foi raptada da sua aldeia e do convívio dos seus.
2º ingrediente: leite de onça,lobo guará ou de gato maracajá: Como ontem estava chovendo fiquei indisposto para ir para a mata ordenhar um bichinho desses, meus ancestrais índios teriam ido, mas deixe eu quieto. Coloquei leite em pó mesmo.
3º ingrediente: açúcar: grande motivador da chegada dos negros ao Brasil para cultivo e processamento de açúcar no sistema escravocrata, 50% do meu sangue veio da África em um porão frio, fétido e mortal para derramar lágrimas, suor e sangue em morros de massapê.
4º ingredientes: água e uma pitada de sal: pra relembrar os judeus que vieram também pelo ‘mar’ com os holandeses e depois tiveram que mudar seus sobrenomes para não sofrerem com a inquisição católica, como eles mudavam para nomes de plantas e animais e eu tenho Carvalho em meu nome, provavelmente sou um pouco judeu também.
5º ingrediente: uma pitada de canela, para lembrarmo-nos de Pedro Álvares Cabral que descobriu o Brasil supostamente indo a Índia buscar temperos e especiarias.
E aí, quem sabe dizer que comida maravilhosa é essa?
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