Dialeto Bezerrense

Dialeto Bezerrense

Cabelo em desalinho
O bicho tá avaropado
Menino muito inquieto
Se diz que é azogado
Aquele lá bem quietinho
Parece que é abestado

Criança muito teimosa
É muito da maluvida
Se metendo nas conversas
Dos adultos, é inxirida
Pra fugir dos cocorotes
Tem que correr com a bixiga

Sair pra dar um passeio
Vai pra rua isquipá
Na calçada iscavacada
Pode sistabacá
Chegando tarde em casa
Uns isbregui vai levar

Muita fome tá zurido
Amiga é paricera
Muito pobre, ó coitado!
Não tem nem eira nem beira
Falar da vidas dos outros
Pessoa mixiriquera

Sem dinheiro tá é liso
Colado é muito peguento
Parece com uma lerma
O que anda muito lento
Sujeito muito metido
Eita caba xaropento!

Pedaço pequeno taquinho
Se puir é se rasgar
Ficar zombando dos outros
Coisa feia é mangá
Pra segurança da casa
Tramela tem que botar

Pessoa muito manhosa
Só vive a xurumingar
Ributaio é o nome
Do que fica a sobrar
Tronxura é qualquer coisa
Que precisa endireitar

Invejoso é oiudo
Lá em cima é inriba
Passou do ponto ispapassou
O bucho é a barriga
Nariz grande é ventona
Se zangar, tacagurita

Mal educado é mundiça
Exibido é amostrado
Goipim é gole pequeno
Condifusso tá gripado
Com dois quentes e um fervendo
O caba tá arretado

Coisa velha amontoada
Se chama de catrevagi
Pessoa bem complicada
Tá cheia de frescuragi
Se tá com muito fastio
Tá mermo com muita travagi

O muito é avultado
Um pouquinho é naigada
Se alguma coisa se quebra
Fica toda istrupiada
Muita gente reunida
Chamamos uma cambada

Quando vemos que o papo
Tá tomando um rumo ruim
Dizemos um para o outro
Repare é mermo assim:
Vamu acabar com isso
Cala a boca e talifim

Gosto de falar assim
Como no tempo de mãe foi
De vez em quando me pego
Falando pruvia adepoi
Pense num poema doido
Eita, oxe e apoi!

Poetisa da rua do campo

(Setembro/2016)

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